domingo, 26 de novembro de 2017

Por inclusão e paz social



Parada LGBT de Madureira reúne milhares de pessoas no Rio
  • 26/11/2017 17h58
  • Rio de Janeiro
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil

 Parada LGBT de MadureiraThiago Martins/Grupo Movimento de Gays, Travestis e Transformistas




A 17ª Parada LGBT de Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro, movimenta as ruas do bairro. Segundo os organizadores, cerca de 800 mil pessoas estão concentradas. A Polícia Militar informou à Agência Brasil que não faz cálculos sobre o número de participantes. A previsão da coordenação do encontro é que quando começar o desfile dos trios elétricos pelas principais vias de Madureira, às 19h, atinja um público de 1,2 milhão de pessoas. Até lá estão previstos vários shows, entre eles das cantoras Ludmila e Lexa.

Este ano o tema é A união nos une, mas a nossa luta nos fortalece. A presidente do Grupo Movimento de Gays, Travestis e Transformistas (MGTT), que há 17 anos organiza a Parada, Loren Alesxander, disse que o tema foi escolhido para reforçar a ideia de que com toda a sociedade há um combate mais efetivo contra o preconceito. Para a transsexual, a questão não é de falta de conhecimento sobre a diversidade. “Na dificuldade nós nos unimos mais. Os governos têm que entender que somos muitos, somos bons filhos e pagamos os nossos impostos e merecemos respeito”, disse.

Por dificuldades de patrocínio, a data da marcha foi alterada três vezes. Loren revelou que só se tornou possível após a liberação de R$ 150 mil pela empresa de bebidas Ambev, mais R$ 175 mil da Uber e R$ 40 mil da Prefeitura, sem contar as isenções feitas pela administração do município do pagamento de alvarás para a realização da programação. “A dificuldade ainda existe porque há preconceito sobre a questão LGBT. O preconceito existe sobre isso. Essa é a nossa causa e a nossa luta para resolver esta questão”, disse.

Mas para chegar a esses valores para que a tradição fosse mantida e a parada ocorresse este ano, os organizadores tiveram que levar a frente um intenso processo de negociação para garantir os recursos necessários. O coordenador especial de Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio, Nélio Geogini, disse que até a metade do ano não havia qualquer patrocínio garantido. A partir daí, uma força tarefa foi montada para conseguir os recursos incluindo os dos governos federal, estadual e municipal.

“Não foi tão fácil, mas teve todo um caminho que movimentou estado, união, município e empresas privadas. Foi um trabalho muito legal. Tenho certeza que essa Parada de Madureira, vai ser a parada da paz, de todo mundo junto”, completou.

Monitoramento
O Centro de Operações monitora a região em tempo real, por meio de 18 câmeras, agentes nas ruas e coletas de informações de usuários do aplicativo Waze e de GPS dos ônibus, para facilitar o acionamento de equipes se houver necessidade.

Limpeza
A empresa de limpeza urbana Comlurb atua com uma equipe de 90 garis, 10 fiscais e agentes de limpeza urbana, que vão trabalhar em três turnos, das 7h de domingo até as 6h de segunda-feira (27). Haverá 100 contêineres de 240 litros distribuídos no percurso principal para que o público deposite o lixo.

Segurança
Além da Polícia Militar, a Guarda Municipal vai apoiar o patrulhamento com 52 guardas, que vão atuar no ordenamento urbano e na fiscalização do trânsito, controlando os pontos de bloqueios ao tráfego definidos pela Companhia de Engenharia de Trânsito do Rio (CET-Rio).

Edição: Fernando Fraga

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Tigre saudável



Economia da China evitará rápida desaceleração em nova época, diz economista
2017-10-25 15:15:13portuguese.xinhuanet.com 











 
Beijing, 25 out (Xinhua) -- A economia chinesa será capaz de evitar rápidos declínios no crescimento do PIB durante a nova era do desenvolvimento, disse um renomado economista, que descartou a possibilidade de uma recuperação imediata.

"Depois de se livrar da tendência descendente, o crescimento irá se estabilizar no futuro, em vez de acelerar rapidamente", disse Liu Yuanchun, vice-presidente da Universidade Renmin da China, ao discursar num fórum.

A economia mostrou uma forte resiliência nos primeiros três trimestres do ano como a reforma criou nova dinâmica, com uma estável expansão do PIB em 6,9% em termos anuais. Os serviços e consumo tiveram um maior papel em estimular o crescimento, e os setores de manufatura de alto nível e tecnologia da informação testemunharam aumentos prósperos.

Liu espera que a reestruturação econômica do país continuará a gerar resultados tangíveis, com melhoras estruturais na demanda tanto externa como interna.

Um relatório para o 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China disse que a economia está "na nova época, um período essencial para transformar o modelo do crescimento, melhorar a estrutura econômica, e fomentar novos motores do crescimento".

A China vem se transformando de uma fase de rápido crescimento para uma de desenvolvimento de alta qualidade, segundo o relatório.

Liu disse que os riscos na economia serão aliviados na nova época mas atenção deve permanecer.

"O ciclo descendente no setor financeiro provavelmente será mais complicado do que o previsto, o que levará a um processo de desalavancagem muito diferente comparado com os mercados europeu e norte-americano", disse. "Não é hora para dizer tudo certo."

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A grandeza da Nigéria



A luta pela unidade da Nigéria
A Nigéria é um dos países mais populosos e mais poderosos de África, mas é também confrontado com graves conflitos étnicos e religiosos. Algumas iniciativas promovem a paz em Kaduna.









 Apoiantes da independência da região de Biafra
Entre as maiores étnias da Nigéria estão os Yoruba, os Haúça e os Igbo, que vivem na província de Biafra, no sudeste deste enorme país.

E é no Biafra que surgiu um novo movimento separatista denominado IPOB, sigla para "Povos Indígenas do Biafra", um movimento que pretende dar voz aos Igbos, maioritáriamente cristãos, que se sentem vítimas de discriminação, tanto no proprio Biafra, como tambem - e sobretudo - em regiões onde constituem minoria, como a região de Kaduna, de maioria muçulmana, no norte do país.

Já em 1967, a região de Biafra declarara unilateralmente a independência, o que provocara uma sangrenta guerra civil que, até 1970, causou cerca de 2,5 milhões de mortos e terminou com a reintegração - à força - no Estado nigeriano.

A luta pela unidade da Nigéria
Mas o conflito nunca foi resolvido completamente e, nos últimos anos, sobretudo nos últimos meses, parecem ter-se intensificado as reivindicações pela autonomia do Biafra.

O IPOB, considerado um grupo terrorista pelas autoridades nigerianas, condena a alegada violência exercida pelos soldados nigerianos contra os membros do grupo.
A tensão aumenta também no norte do país, nomeadamente no estado de Kaduna entre os Igbos, maioritariamente cristãos, e a maioria muçulmana.

Em junho, o conflito em Kaduna agudizou-se com ameaças de grupos islâmicos, lançadas contra as minorias cristãs que foram mesmo intimadas a abandonar a região até o dia 1 de outubro, que assinala o aniversário da independência da Nigéria.

"Juntos venceremos"
Mas nem todos os muçulmanos apoiam as hostilidades contra os Igbos cristãos.

 Maryam Abubakar, da organização humanitaria Womenhood Foundation of Nigeria, WFN

"Queremos a unidade. Não é importante se és cristão ou muçulmano ou mesmo animista. Somos todos nigerianos, independentemente de pertencermos às etnias igbo, haúça ou yoruba. Juntos venceremos, divididos falharemos", afirma Maryam Abubakar, diretora da organização humanitaria Womenhood Foundation of Nigeria, WFN, sediada em Kaduna.

Maryam Abubakar visita escolas para falar sobre o discurso de ódio, pois não quer que se espalhe em Kaduna um clima de medo e agitação.

Perante a incerteza que se vive em Kaduna, Muhammad Ibrahim Gashash, diretor da organização Cristão/Muçulmano Alternativa ao Conflito decidiu "preparar uma casa para os membros da comunidade Igbo". "Quem se sentir inseguro pode vir para aqui para se proteger", acrescentou Muhammad Ibrahim Gashash, que reconhece que, nos últimos tempos, "muitas pessoas têm falado de medo".

Mas até agora não foi preciso. Segundo Gashash, a forte presença da sociedade civil e do governo regional de Kaduna tem garantido a segurança.

Muhammad Ibrahim Gashash mostra a casa que pode acolher membros da comunidade Igbo

Viver sob ameaça
Contudo, o clima de medo entre os Igbos, na região de Kaduna, parece não dissipar. As pessoas questionam: até quando conseguirão as diferentes etnias e religiões viver em conjunto?

 Jornalista Dominic Eze Uzu

O jornalista Dominic Eze Uzu, cristão e igbo, vive há mais de 40 anos no estado de Kaduna e ultimamente vê-se confrontado com ameaças dos radicais muçulmanos que querem que ele e a sua familia abandonem a região. Mas isso, para Dominic, não é opção.

"Todos os meus filhos vivem aqui. Quero que eles encontrem um trabalho quando estiveram na idade, mas tenho medo que sejam discriminados. Há muitas injustiças e muita desigualdade. Porque é que não somos tratados como autóctones, como cidadãos de Kaduna como todos os outros?", questiona o jornalista.

De fato, a familia de Dominic Eze Uzu não goza dos mesmos direitos que a população maioritária. Quem quer fazer carreira na administração pública tem que apresentar uma denominada "declaração de indigenidade". Certos postos continuam reservados a pessoas pertencentes às etnias autóctones.

Dominic critica essa prática. "Estamos ou não preparados para ser uma Nigeria unida?", questiona o jornalista nigeriano. "Se queremos uma única Nigéria teremos que tratar as pessoas em conformidade", conclui Dominic Eze Uzu.